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Venom | Mesmo mediano, filme pode abrir portas para universo de vilões do Homem-Aranha

Venom chega ao cinema como a nova aposta da Sony para aproveitar a onda de sucesso do Universo Cinematográfico Marvel, da Disney. Com a missão de transformar um dos mais icônicos vilões do Homem-Aranha em um anti-herói. Apesar disso já ter acontecido nos quadrinhos, o grande público ainda o identifica demais com o cabeça de teia, e esse era o principal desafio do filme: desassociar os dois. Venom, entretanto, conseguiu.

Ao trazer o personagens para as telonas, os roteiristas Scott Rosenberg e Jeff Pinkner trabalharam de forma quase milagrosa. O arco de Eddie Brock se assemelha bastante com o que já se viu nos quadrinhos, mas Peter Parker não é seu motivador. Dessa forma, o espectador que também é fã mais ortodoxo das histórias do Homem-Aranha e de seu universo pode se incomodar já com o começo da trama. Ainda assim, esta está bem amarrada e e, apesar de não ser tão fiel, bastante respeitosa. Mesmo a maneira como o longa se justifica para fazer de Venom um anti-herói é eficiente.

O filme pode ser dividido em duas partes para os olhos mais atentos, tendo sua demarcação no momento em que Eddie se encontra com o simbionte. Até então, o filme parece apressado, aparentando ter vergonha de suas origens e de ser um longa de origem. Nesse início, a atuação de Tom Hardy começa a dar sinais de que este não vai conseguir carregar o filme nas costas. Mesmo os momentos cômicos, ainda que sejam pontuais e bem colocados, não funcionam, também por culpa da atuação de Hardy. Em seu outro momento, tudo isso parece sumir, dando toda uma nova identidade ao filme.

A partir daí, o filme se torna dinâmico sem parecer jogado ou apressado. A atuação de Tom Hardy melhora incrivelmente, mostrando um ótimo Eddie Brock dentro dos termos em que o longa dita. Os alívios cômicos começam a funcionar e a relação de Eddie e Venom aparecem como o ponto alto do filme. A troca entre as personagens tem momentos engraçados, tanto pela atuação de Hardy quanto pelo roteiro, que traz Eddie inicialmente quase que como um refém da criatura. Assim, o humor fica por conta da interação entre estes e acontecem tanto nos diálogos quanto na atuação corporal de Hardy.

Michelle Williams é o outro grande nome do elenco e sua química com Hardy funciona da mesma forma que o filme, se mostrando ruim até o simbionte encontrar com Eddie, e depois melhorando muito. A atuação de Michelle é boa mas a personagem não exige muito da atriz. O mesmo pode se dizer sobre os demais personagens secundários e seus interpretes. Riz Ahmed é um dos poucos personagens que acaba por ter um tempo de tela notável. Como o principal antagonista do filme, sua personagem acaba por ficar muito rasa, e só piora ao se pensar que, como em muitos filmes de origem, sua vilania acaba por ser apenas um reflexo malvado do protagonista. Nesse sentido, Venom acaba por ser maniqueísta demais para um filme de anti-herói. Mesmo que algumas atitudes do simbionte sejam questionáveis, Eddie é genuinamente bom, enquanto Drake (Ahmed) é mau.

A direção de Ruben Fleischer não parece ter uma identidade no longa. O filme traz uma fotografia escura que não se destaca no seu tom leve que um PG-13 (proibido para menores de 14 anos) exige. Apesar de parecer que o diretor seguiu a risca o que a Sony queria nas telas, sem colocar sua identidade nas câmeras, Fleischer acerta nas mais diversas cenas de ação, mostrando um filme limpo, onde os cortes não impedem o público de uma total compreensão da cena, como é comum de se ver nos mais preguiçosos filmes de ação. O que pode de se colocar realmente como um erro é a edição do primeiro ato do filme.

Os efeitos especiais devem dividir o público. Apesar de, em sua maioria, os efeitos cumprirem bem suas funções, quando Venom assume sua forma clássica, o espectador mais exigente pode sentir uma baixa renderização. No mais, a escolha parece fluir com o filme, dando um aspecto realmente orgânico ao protagonista, diferente de sua aparição no final da trilogia de Sam Raimi. Dessa forma, Venom como um filme morno, mas promissor na possível criação de um universo. Mesmo com uma história que se fecha, a cena pós-créditos deve animar os fãs do personagem e, com bilheteria o suficiente, um próximo filme deve sair.

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