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Relançamento de Vingadores: Ultimato é desespero e uma ideia ridícula

Quando Vingadores: Ultimato conseguiu a marca histórica de mais de US$2 bilhões de bilheteria em apenas duas semanas de exibição, não havia dúvidas de que se tornaria o maior filme de todos os tempos – enfim destronando Avatar, de James Cameron. Ou ao menos era o que esperávamos. Naturalmente, a arrecadação do filme da Marvel foi diminuindo a cada semana, afinal o longa estreou bem no começo do verão americano, perdendo o posto para obras como John Wick 3: Parabellum e o remake live-action de Aladdin.

Passados dois meses de sua exibição, a Disney faz algo curioso: anuncia um relançamento de Vingadores: Ultimato nos cinemas com “material inédito”. É extremamente peculiar por uma série de motivos, mas principalmente por que: a) o filme nunca saiu de cartaz para ser taxado de relançamento, b) o tal material inédito revelado pela Marvel Studios na manhã desta terça-feira (25) é simplesmente ridículo. É a mais pura definição de um caça-níquel que vemos em Hollywood em muito, muito tempo, e não passa de um esforço nítido para conseguir a coroa de Avatar nas bilheterias mundiais – o filme da Marvel precisa de aproximadamente US$34 milhões para superar a marca.

Quando a Marvel anunciou o relançamento, os defensores da iniciativa imediatamente apontaram um fato relevante: Avatar também teve um relançamento em sua época. Mas há uma diferença crucial. O filme de James Cameron teve 9 minutos de cenas adicionais finalizadas, além de sua reestreia ter chegado 9 meses após dezembro de 2009, em agosto. Isso sim é um relançamento, enquanto Vingadores: Ultimato é “relançado” meros dois meses após sua estreia arrebatadora no final de abril.

Extras de DVD no cinema!

Então vamos falar sobre o conteúdo inédito que a Marvel Studios prepara para o “relançamento” de Vingadores: Ultimato. Quando fora anunciado que teríamos 8 minutos de material inédito, as teorias foram por toda a parte: teríamos a cena deletada em que Tony Stark encontra a versão crescida de sua filha Morgan (vivida por Katherine Langford) no além? Uma revanche entre Hulk e Thanos? Mais cenas dos Vingadores viajando no tempo? Nada disso. A Marvel confirmou hoje que o material exclusivo inclui uma mensagem de introdução do diretor Anthony Russo, uma prévia especial de Homem-Aranha: Longe de Casa, um tributo especial ao falecido Stan Lee e uma cena deletada não finalizada envolvendo o Hulk. Vou repetir, UMA cena deletada que nem ao menos foi finalizada. 

Isso só prova como esse “relançamento”de Vingadores: Ultimato é puro desespero. É algo não planejado e que a Disney claramente puxou debaixo do tapete em uma tentativa de conseguir o reinado nas bilheterias. Um reinado que, ironicamente, ela já possui por que Avatar agora é uma propriedade da Disney. E o mais bizarro é ver os fãs da Marvel organizando eventos e iniciativas para deliberadamente dar seu dinheiro para uma empresa que compete com ela mesma. Nas palavras daquele anônimo usuário do Twitter, “Isso é muito Black Mirror, meo”.

Se a Marvel realmente queria perseguir esses US$34 milhões faltantes para superar Avatar, que ao menos preparasse um conteúdo mais digno. Raios, que ao menos finalizasse essa tal cena deletada, pois é sinceramente um tanto ofensivo que uma grande produção tenha que mostrar material incompleto apenas para atrair mais alguns trocados à sua caixa. Nem mesmo a prévia de Homem-Aranha: Longe de Casa vale muito a pena, afinal a Sony Pictures lança o filme com Tom Holland já na próxima semana, enquanto introduções do diretor e tributos a Stan Lee são materiais bacanas de se ver – mas eu pessoalmente não tenho problemas em esperar para vê-los no bônus de um DVD ou blu-ray, porque é exatamente isso o que são. Bem também há um pôster exclusivo para as sessões, e confesso que talvez esse seja o material mais atraente de todo o evento.

Isso porque nem entrei no mérito do filme. Vingadores: Ultimato é um ótimo filme, e não há a necessidade de ser o maior filme de todos os tempos, só por que sim. Avatar também foi um grande filme, e trouxe algo que o longa da Marvel Studios não trouxe: uma inovação tecnológica na forma de se fazer cinema, com o advento do 3D estereoscópico, que permanece até hoje na maioria dos grandes lançamentos em Hollywood.

Há um tempo atrás, eu sinceramente não me importava se Vingadores: Ultimato seria o maior filme de todos os tempos ou não. Depois dessa campanha de desespero, agora eu realmente torço para que Avatar permaneça no topo.

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