Críticas

Crítica | Expresso do Amanhã

Ao sair da sessão do filme Expresso do Amanhã, pensei: será que realmente pode acontecer isto com a humanidade? Esta produção dirigida pelo sul-coreano Joon-ho Bong, que já esteve atrás da câmera em filmes como O Hospedeiro e Mother – A Busca Pela Verdade, é baseada em uma graphic novel francesa intitulada “Le Transperceneige”.

Bong também foi o responsável por ajudar a passar a história da graphic novel para as telas e, também, a escrever o roteiro com o norte-americano Kelly Masterson. Eles conseguiram criar uma história completamente envolvente e na qual existe um equilíbrio entre os momentos de ação e os momentos de reflexão.

Nós, ao tentarmos resolver o problema do aquecimento global, acabamos congelando o planeta ao dispersar na estratosfera uma substância chamada CW7. O pouco da humanidade que restou deste congelamento está agora confinado em um imenso trem que circunda a Terra sem parar. No último vagão, ficam os mais desafortunados de todos neste imenso comboio. Mas eles não aguentam mais sobreviver naquelas condições e tentarão de tudo para mudar suas vidas.

Eles são incentivados por Curtis (Chris Evans, da franquia Capitão América), mas que se recusa a ser considerado um líder. Líder para ele é Gilliam (John Hurt, de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Partes 1 e 2) por uma razão revelada quase no final do filme. E, também, está ao lado de Curtis, como um segundo comandante, o jovem Edgar (Jamie Bell, do mais recente Quarteto Fantástico). Os três e mais toda a população dos últimos vagões têm que passar por diversos desafios, inclusive por uma megera que quer manter a ordem a todo custo dentro do trem, chamada Mason (Tilda Swinton, de Precisamos Falar Sobre o Kevin e da trilogia As Crónicas de Nárnia). Ela idolatra o principal residente e o criador de tal fantástica máquina, Senhor Wilford (Ed Harris, de Noite Sem Fim).

Chris Evans está muito bem nas cenas de ação, mas deixa a desejar nas cenas dramáticas. O personagem exigia alguém que lhe desse uma densidade maior do que Chris conseguiu dar. Tilda Swinton está asquerosamente maravilhosa neste papel. Ela dá o tom certo para esta mulher que é ao mesmo tempo subserviente aos superiores e arrogante com os abaixo dela. John Hurt está se especializando em fazer papéis de velhos que passam o bastão de seus ideais para os mais novos. É o ator adequado para o personagem que assumiu. Destaque também para as interpretações do ator sul-coreano Kang-ho Song e da atriz Ah-sung Ko. Ele no papel de Namgoong Minsoo, especialista em segurança e ela no de filha deste, Yona.

A produção deste filme é fantástica. Eles construíram um número de vagões que, juntos, deu mais 500 metros para transmitir mais realidade. E alguns dos vagões foram postos em cima de um dispositivo especialmente criado para dar a sensação de se estar realmente em um trem em movimento. Os enquadramentos, os planos e as movimentações de câmera estão muito boas. Sente-se mesmo a sensação claustrofóbica de se estar dentro um vagão.

Os efeitos especiais quase conseguem passar despercebidos. Só não passam sem serem notados porque se sabe que um trem daquele tamanho foi criado por computação gráfica. A trilha sonora e os efeitos de som complementam o clima do filme perfeitamente, também, por serem usados na medida certa.

Este é um filme não tão de ficção científica assim, porque a principalmente razão de existência do filme – as alterações climáticas – já estão acontecendo. Além de ser um ótimo entretenimento, esta obra também faz com que a gente se questione: o que será da humanidade no futuro?

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