Críticas

Crítica 2 | Capitão América: Guerra Civil

DC vs. Marvel: nesta batalha, a primeira tem apanhado da segunda. Marvel, que desde 2009 é propriedade da Disney, tem conseguido que quase todos os seus filmes sejam um sucesso. Tanto de público, quanto de crítica. A diferença entre as produtoras de cinema pertencentes às editoras de HQs não se deve a superioridade de uma em relação à outra, mas a maneira de cada uma de contar suas respectivas histórias. DC tem apostado mais em uma linha sombria e sóbria de história. Já a Marvel joga suas fichas em uma linha mais descontraída e cômica. Essa última tem ganhado mais com a sua aposta. O filme Capitão América: Guerra Civil é o exemplo mais recente do tipo de aposta feita pela Marvel.

Capitão América: Guerra Civil se passa logo após os eventos de Vingadores: A Era de Ultron. Tony Stark (Robert Downey Jr.) não usa mais o traje de Homem de Ferro. Falcão (Sam Wilson), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen, de Oldboy: Dias de Vingança), liderados pelo Capitão América (Chris Evans), estão perseguindo uma pista sobre o vilão, Ossos Cruzados (Frank Grillo) em Lagos, Nigéria. Porém, isto acaba provocando mais um incidente gravíssimo. Em razão disso, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (William Hurt), informa que a ONU, apoiada por 117 países-membros, criou o Tratado de Sokovia.

Este tratado diz que todos os integrantes dos Vingadores que assinarem esse documento ficarão sob a responsabilidade de uma comissão daquela organização internacional que decidirá quando e onde eles poderão atuar. Aqueles que não concordarem em assiná-lo, devem se aposentar. Essa situação divide o grupo dos Vingadores, tendo o Capitão América de um lado e o Homem de Ferro de outro. Para “ajudar” ainda mais, durante o evento de assinatura do Tratado, no prédio da ONU, em Viena, Áustria, acontece um atentado.
E as investigações sobre o atentado acabam amplificando a divisão existente do grupo por mostrar que o possível responsável do atentado é um velho conhecido do grupo. Divididos, cada lado resolve chamar alguém para ajudar. Por causa disso, novos personagens surgem na história. De um lado, Homem-Aranha (Tom Holland, de No Coração do Mar), de outro, Homem-Formiga (Paul Rudd). E, ainda, de forma independente por causa de uma circunstância ocorrida durante o atentado em Viena, Pantera Negra (Chadwick Bosema, de James Brown).

Capitão América: Guerra Civil poderia ter se tornado um filme sem pé e sem cabeça por causa do surgimento de novos personagens. Entretanto, a dupla de roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely – que sempre trabalharam juntos – compreendera, perfeitamente o mundo do Capitão América e o Universo Cinematográfico da Marvel e conseguiram escrever uma história coerente com os Universos dos diversos meios. Christopher e Stephen criaram uma história poderosa na qual aventura, suspense, comédia e política se misturam de forma harmoniosa. E tendo uma questão sempre importante: a vingança contra aqueles que mataram pessoas que você amava.

Os dois apresentam os novos personagens – principalmente o Homem-Aranha – de forma a não criar uma barriga no que está sendo contado e sendo coerentes com a personalidade e história de cada um dos recém-chegados.
Falando em personagens, não podemos mencioná-los sem falar dos atores que os interpretam. Chris Evans continua acertando na sua atuação de Capitão América. Sendo esta a quarta vez que o interpreta, Evans está confortável no papel, porém ele não se deixa acomodar. O ator sabe que o seu personagem age equilibrando emoção e razão. Robert Downey Jr., como sempre, impecável como Tony Stark. O espectador, provavelmente, já não consegue desvencilhar Downey Jr. do personagem.

Sam Wilson também é outro que não se consegue mais separar ator de personagem. Ele é o Falcão e ponto. Scarlett Johansson é uma magnifica atriz que continua muito bem no papel de Viúva Negra. Ela tem a beleza e agressividade que este personagem exige. Elizabeth Olsen entendeu rapidamente como este universo dos filmes de super-heróis funciona e também aprendeu a interpretar a Feiticeira Escarlate no tom certo. Tom Holland entrou com o pé direito no papel de Homem-Aranha. Acertou o tom do personagem de primeira e se dará muito bem se continuar a interpretá-lo assim, tanto como Chadwick Bosema no papel de Pantera Negra.

Os irmãos Russo – Anthony e Joe (Dois é Bom, Três Demais, 2006) – sabem o que estão fazendo. Eles conseguiram fazer um longa redondo e que não tem altos e baixo, apesar da história ser cheia de detalhes e com muitas cenas de ação. Aliás, cenas de ação muito bem coreografadas, demonstrando atenção com a preparação dos atores. A maneira como eles filmam deixa claro a preocupação tanto com o como vai ser a cena, quanto com onde a cena está ocorrendo. Um detalhe de filmagem muito bacana de se perceber.

Outro que sabe o que fazer em um set de filmagem, principalmente, de uma produção de super-heróis é o diretor de fotografia canadense Trent Opaloch (Elysium, 2013). A maneira como ele filma as cenas de ação – ajudado pelas novas tecnologias – tira o fôlego do espectador. Ele sabe como deve ser manejada uma câmera, sabendo onde pô-la e para onde aponta-la. Isso fica claro na primeira cena de luta e em uma cena em uma igreja, por exemplo.

Capitão América: Guerra Civil tem quase duas horas e meia de duração, mas por causa do bom trabalho realizado não se sente o passar do tempo. A edição feita por Jeffrey Ford e Matthew Schmidt é tão bem feita. Não há quebra de ritmo do longa e ele flui gostosamente. Ford é o editor mais experiente. Ele, nos últimos seis anos, tem se dedicado a diversos filmes do Universo Marvel como os dos Vingadores e do Capitão América. Schmidt, por outro lado, trabalhou com Ford no filme anterior do Capitão América e esta é a terceira produção sob sua responsabilidade.

O clima do filme é completado pela trilha sonora feita por Henry Jackman. Outro que entrou no Universo Marvel em Capitão América 2: O Soldado Invernal e volta a trabalhar neste longa. Jackman compõe trilhas que não destoam do filme. Não são marcantes, mas também não estragam o que está sendo mostrado. Trilhas sonoras desse tipo tem sido uma tendência forte nas últimas duas décadas no cinema.

A aposta da Marvel parece ter sido mais feliz. A maneira como decidiu transpor para as telas grandes o seu Universo dos quadrinhos parece agradar mais os espectadores do que a maneira como a DC acabou levando para as telas o seu Universo nessas primeiras décadas do século XXI. Apesar de serem apenas duas maneiras diferentes de trabalhar, Marvel conseguiu mais uma vez vencer mais uma na guerra que trava com DC.

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