Críticas

Crítica | Em Busca de Vingança

A primeira coisa que o espectador deve ter em mente ao ir aos cinemas assistir Em Busca de Vingança é que, apesar do título sugestivo e de ter Arnold Schwarzenegger como protagonista, esta não é uma obra de ação. Trata-se sim de um filme de vingança, mas não daqueles em que um homem amargurado sai atirando em todo mundo.

Baseado no caso real de um acidente aéreo que matou em torno de 70 pessoas na Alemanha, o longa modifica locais, nomes de indivíduos e datas, para seguir a história de dois personagens que de diferentes formas foram afetados pela tragédia. O primeiro é Roman (Schwarzenegger), um homem aposentado que perde a esposa e a filha grávida no acidente. O segundo é Jacob (Scott McNairy), controlador de voo que precisa lidar com a culpa de ter causado a tragédia após um descuido. Embora o filme ofereça espaço para o desenvolvimento de ambos os personagens, é difícil não se afeiçoar mais a Jacob do que a Roman.

Isso acontece porque a obra exige que o intérprete de Roman exprima um nível de atuação dramática que Schwarzenegger não consegue alcançar. O personagem passa boa parte do filme sozinho, olhando recortes de jornais sobre o acidente e fotos da família perdida. Nesses momentos, o ator precisa conseguir conversar com o público pela sua gesticulação e seu olhar, algo que mesmo com muito esforçando, o astro nunca consegue desenvolver de modo agradável. A verdade é que há várias sequências em que o ator lança olhares para a tela que fazem parecer que ele logo irá encarnar seu personagem em Exterminador do Futuro e sair brigando com todo mundo por aí, mas não expressam a dor que Roman teoricamente estaria sentindo.

A falha de Schwarzenegger acaba ressaltando a atuação do outro protagonista da trama, Scott McNairy. Não é como se McNairy fosse incrível em seu papel, mas ele consegue oferecer uma performance eficiente que o torna minimamente carismático. É verdade que o personagem Jacob tem sempre ao seu lado a mulher e o filho, elementos esses que facilitam a construção dessa afeição junto ao espectador, mas seria difícil ficar ao lado de Jacob caso McNairy não soubesse como conduzi-lo na narrativa.

Interessante notar como o filme trata de certo modo o problema da depressão, pois ambos os personagens estão nitidamente afetados mentalmente. Entretanto, o filme se mantém com a ideia de que esta é uma obra sobre homens maduros, e homens maduros não podem sofrer com suas tristeza, havendo espaço apenas para a vingança quando algo da errado em suas vidas – e assim o filme perde uma ótima chance de trabalhar quaisquer problemas psicológicos de seus protagonista. Na verdade, o longa até tenta fazer isso em um rápido momento, mas falha pela forma rasa como trata a questão.

Mesmo que o filme seja inspirado em uma história real e, sendo assim, já conhecida, ele se mostra bastante previsível. Não há surpresas, os personagens vão para lá e para cá de modo bastante programado, e algumas vezes fazem coisas estúpidas demais apenas como desculpa para a movimentação do roteiro. Nem mesmo quando o filme tenta inserir uma pequena reviravolta em seu final o espectador se surpreende, pois trata-se de algo que já era esperado.
Essa previsibilidade, porém, só não afeta o suspense da narrativa graças à mão do diretor Elliot Lester, que ao aplicar os recursos já estabelecidos pelo gênero, como uma câmera que se move mais lentamente e um música que se amplia no momento exato, consegue deixar o espectador tenso e envolvido em sequências chaves.

Se há acertos por parte da direção, isto infelizmente não é o suficiente para salvar Em Busca de Vingança de se tornar um filme esquecível, que acaba sofrendo com a obviedade de seu roteiro e com as falhas de um seus seus atores principais.

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