Críticas

Crítica | Maze Runner: A Cura Mortal

Maze Runner: A Cura Mortal marca o fim de uma tendência recente entre os blockbusters, as sagas juvenis que se passam em um futuro distópico. Aquilo que praticamente se iniciou com Jogos Vorazes se estendeu a mais alguns filmes, sem que nenhum chegasse ao sucesso da franquia protagonizada por Jennifer Lawrence. Ao que tudo indica o capítulo final de Maze Runner também coloca um fim nesse esquema e nessas produções, revelando uma moda passageira que rendeu títulos que ficam sempre na média, tanto de qualidade como de público (com exceção do pioneiro nesse modelo).

Essa é uma constatação tão óbvia que mesmo com alguma base de fãs, Maze Runner chega a seu desfecho sem muito baralho, ocupando um bom número de salas, mas não sendo um dos títulos mais esperados da temporada. Pelo menos, Maze Runner: A Cura Mortal vem para fechar essa franquia, admitindo não ser esse sucesso todo que produtores imaginavam, mas que ainda oferece aquilo que seu público busca, como também é bem resistente em relação às ideias que sempre trabalhou.

Seguindo os passos de seus capítulos anteriores, Maze Runner: A Cura Mortal começa evidenciando que seus heróis mais uma vez serão jogados dentro de um turbilhão de ação muito maior do que visto antes. A primeira sequência do filme já vem carregada com essa emoção, colocando nos primeiros minutos seu espectador já numa perseguição a um trem em movimento, injetando adrenalina ao espectador sedento por essa ação. Ali os heróis Thomas, Newt, Brenda entre outros, precisam resgatar prisioneiros que estão sendo levados pela Cruel, entre eles Minho.

Nesse primeiro momento é como se o filme desse um recado a seu próprio público, como se estivesse recompensando-o por essa fidelidade. A grandiosa cena de ação é empolgante, embalando uma plateia que há algum tempo parece desconfiar desse tipo de narrativa. O pontapé inicial do longa é animador e com certeza mostra o que será desse capítulo final da saga. Após essa investida ao trem, observa-se que Minho não estava entre os resgatados, e os heróis precisam buscar seu amigo na cidade totalmente fortificada e comanda por aquela organização que tanto almeja o sangue daqueles sobreviventes.

O longa se assume, mais do que as outras franquias, como uma aventura juvenil de fato, que busca esses momento de tensão e ação. Maze Runner: A Cura Mortal chega a ser curioso no modo em que trabalha essas sequências onde seus jovens heróis sempre estão em perigo, e com poucas exceções, é raro ver as armas das cenas ferindo alguém. Algo que afasta a violência, mas tenta, com muita precisão, manter a adrenalina e a atenção de seu público. Maze Runner: A Cura Mortal é um longa muito mais caótico nesse sentido, onde as novas missões dos protagonistas são recheadas de uma série de dificuldades, uma mais complexa do que a outra, sempre deixando-os perto de um perigo mortal.

O filme tem então o desafio de manter aquela narrativa firme nesse acúmulo de empolgação. Como fazer com que tudo aquilo pareça real e mantenha a atenção do espectador, sem que essas dificuldades na narrativa pareçam forçadas. Realmente essa progressão dramática funciona, mantendo Maze Runner: A Cura Mortal nesse ritmo extremamente dinâmico, onde tudo parece estar desmoronando e os personagens devem correr para se manterem vivo, ou chegarem a alguma possibilidade de futuro.

Por outro lado, a obra de Wes Ball escrita por T. S. Nowlin abusa de um roteiro fácil, onde os personagens sempre conseguem escapar sem esforço das dificuldades impostas pelo próprio texto do filme. Dessa forma, há uma série de conveniências que apenas abreviam as situações, e essa estratégia aparece em praticamente todos os momentos dramáticos. Maze Runner parece viver de uma fórmula falha, os personagens são colocados em alguma situação extrema, o perigo fica frente a frente deles e no final das contas algum fato quase aleatório (seja uma bomba, um personagem que surge do nada, ou uma fonte de água profunda o suficiente para alguém mergulhar de uma altura de mais de 18 andares) surge para salvá-los. Algo que coloca em cheque toda a confiança naquela ficção como se sempre houvesse uma brecha para solucionar qualquer problema.

Ainda que Maze Runner: A Cura Mortal desempenhe bem essa aventura sempre beirando a ação, mostrando que aqueles personagens realmente estão em perigo, sem se abrir a uma comédia que daria leveza ao filme, algo que faz com que seus astros juvenis se saiam bem. Dylan O’Brien, Rosa Salazar, Thomas Brodie-Sangster realmente demonstram a preocupação e a fadiga de quem luta pela sobrevivência. Todavia, o que é virtude para os jovens faz com que o elenco adulto fique numa posição desconfortável, realizando personas superficiais que parecem não entender o tom de cada cena, onde tudo surge afetado, enfraquecendo momentos climáticos. O destaque negativo fica por conta de Aidan Gillen (o Mindinho de Game of Thrones) que encarna mais do que nunca aquele vilão padrão, sem nenhuma especificação, que quase solta uma gargalhada maligna para compor seus clichês.

Maze Runner: A Cura Mortal é um filme com sesse pontos de forte irregularidade. Fica evidente o cansaço de uma fórmula e de uma tendência que já ficou para trás. Os universos compartilhados e alguns reboots divertidinhos deixaram as distopias adolescentes para trás, algumas mais pretensiosas outras só oportunistas. Maze Runner continuou fiel as suas ideias, e se a metáfora nunca foi o forte deste título, em A Cura Mortal a eficiência da aventura fica em primeiro plano, felizmente.

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