Filmes

Crítica | Sequestro Relâmpago

Hoje, uma atriz de muito sucesso, enfileirando muitos trabalhos na televisão brasileira, com telenovelas ou minisséries, Marina Ruy Barbosa finalmente estreia nos cinemas. E, já chegou sem economizar, pois ao invés de um, são dois lançamentos com a atriz em 2018: o romance Todas as Canções de Amor, e o suspense dramático Sequestro Relâmpago. Se por um lado, foi mais elogiado tanto o longa romântico de Joana Mariani, quanto a performance da atriz global neste filme, lamentavelmente, pouco ou quase nada pode ser exaltado no muito equivocado filme da cineasta Tata Amaral, profissional de respeito no cenário brasileiro, seja televisão ou cinema.

Sequestro Relâmpago mostra, porque contar não é algo que acontece aqui, a noite de terror de Isabel pelas ruas de São Paulo, que foi sequestrada pelos bandidos Matheus e Japonês. Eles têm a intenção de usar o cartão de crédito de Isabel, e tirar dinheiro de um caixa eletrônico, porém, logo no primeiro têm o azar deste estar quebrado. São quase 10 horas da noite, e os bandidos percebem que não chegarão ao próximo caixa eletrônico a tempo. Assim, o que seria um serviço rápido se tornam horas de aprisionamento e medo, colocando em risco a vida da jovem moça.

Antes de listar as faltas, e até equívocos no longa de Tata Amaral, vale uma nota positiva, a única possível analisando a obra. A cineasta conseguiu, em ao menos duas cenas, retratar com dureza o horror que a mulher passa diante de situações apavorantes, como é o caso da protagonista Isabel. Sem aliviar para ambos os personagens masculinos, os sequestradores, que possuem personalidades um pouquinho diferentes, mas só um pouquinho.

Se for possível pontuar negativamente um dos aspectos técnicos em Sequestro Relâmpago, este seria o roteiro. De construção inerte, sem tratamento algum e cheio de lugares-comuns, fora os diálogos que são de doer em vários momentos, o que dificulta muito o trabalho do elenco de atores, que também pouco conseguem ajudar a convencer o espectador de que o quê está na tela de cinema é verossímil.

E, verossimilhança é algo que deveria ser essencial no longa de Tata Amaral, pois estamos tratando um tema de extrema relevância que é a segurança pública no país, mais especificamente nas grandes cidades, como é o caso de Sequestro Relâmpago. Ao escolher abordar a violenta realidade paulistana mergulhada em conflitos socioeconômicos, é necessário que para fazer seus argumentos valerem, mantenha-se a narrativa e as performances do elenco de acordo com esta, caso contrário, isto enfraquece muito o valor do conteúdo em mãos, que é o que ocorre nesta obra.

Mesmo vendo como a ficção que é, o longa de Amaral não consegue atrair via seus personagens centrais, nenhum dos três. E olha que havia algo de intrigante no personagem Matheus, interpretado por Sidney Santiago. No começo, seu personagem mostrava-se um contrabalanço ao companheiro Japonês, com atuação desastrada e quilômetros acima do tom de Daniel Rocha, que passa o filme inteiro vociferando palavrões, todo apressadinho e irritadiço, porém, esse contrapeso de Matheus, resiste por poucos minutos, pois logo em seguida, ambos estarão do mesmo lado, repetindo as mesmas coisas. Se a intenção era aparentar algo ameaçador, ficou mais próximo da paródia do programa de televisão Hermes e Renato da antiga MTV Brasil.

Assim também é a performance de Marina Ruy Barbosa: pouco crível. Óbvio que o texto não ajudou a atriz em seu primeiro filme na carreira, porque atuar não se resume à apenas descabelar uma atriz, e pedir para a mesma sempre reagir arregalando os olhos. Desta maneira, torna-se injusto rebaixar o elenco sendo que não havia de onde tirar no enredo. Nem quando cantam ‘Rap é compromisso’ do falecido rapper Sabotage conseguem causar qualquer tremor.

Infelizmente, isto é Sequestro Relâmpago da autora Tata Amaral, capaz de trabalhos melhores como Antônia de 2006, um filme que busca se encaixar no cinema de gênero, mas falha pela baixa qualidade do material a ser trabalhado, e retratar a desigualdade social do país, mas pega caminhos tortuosos e absurdos, longe da possibilidade de argumentar sobre uma dura realidade. Ao final, tudo o que o longa de Amaral consegue é promover um turismo do terror na metrópole paulistana, de zona à zona guiado por placas de sinalização, rondando, rondando, sem chegar a lugar algum, ou ter o que dizer.

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