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Crítica | Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano

Há seis anos na televisão e atualmente em sua 11ª temporada, o seriado DPA: Detetives do Prédio Azul fez um salto com sucesso para as telas do cinema. O primeiro longa-metragem, dirigido por André Pellenz (Tudo Acaba em Festa) e lançado no ano passado, encheu salas de cinema e garantiu um futuro promissor para os investigadores mirins na sétima arte. Tanto que na sequência Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, dirigida por Vivianne Jundi, os personagens vão à Itália para resolver seu novo mistério, visitando locações como Alberobello. Mas, apesar da mudança de cenário, DPA 2 se mantém fiel à fórmula de sempre, entregando uma experiência tradicional de DPA.

Na trama, Pippo (Pedro Henriques Motta), Bento (Anderson Lima) e Sol (Letícia Braga) querem participar de um concurso musical, e para isso vão a um teste coordenado pelos irmãos Máximo (Diogo Vilela) e Mínima Augusto (Fabiana Karla). Não leva muito tempo até que os – agora não tão – pequenos detetives descubram que os dois responsáveis pelo teste são, na verdade, bruxos malignos que usam as vozes de crianças para criar uma poção que lhes concederá uma vida mais longa. Seguindo os vilões até um castelo na Itália, onde também ocorre uma grande conferência internacional de bruxos, a trupe tem seu maior caso até hoje em mãos.

Para quem não viu o primeiro longa e só acompanhou o seriado em seus primeiros anos, deve haver estranhamento inicial com certos detalhes. A trupe original, Mila, Tom e Capim, não dá as caras aqui, enquanto a síndica Leocádia, antes interpretada por Tamara Taxman, agora é encarnada pela atriz Cláudia Netto. Nada, porém, que deva atrapalhar a diversão das crianças. Na realidade, devem ficar bastante entretidas, já que o foco em magia e bruxaria também aumentou bastante em comparação aos dias passados da série, com elementos fantásticos ganhando mais destaque e volume devido ao orçamento mais generoso dessa segunda incursão.

Por seguir praticamente a mesma fórmula que um episódio da série, há altos e baixos. Mesmo que a trama desta vez ocorra inteiramente fora do prédio azul, favorecendo uma série de locações externas, ela segue uma estrutura familiar que deve agradar os fãs mais tradicionais, fácil de assimilar e compreender. Além disso, tudo é bastante leve, sem grandes complicações, sendo perfeitamente adequado para crianças pequenas afim de uma diversão casual. Porém, a aderência à fórmula pode deixar a experiência muito previsível para os fãs mais velhos que esperam por um verdadeiro “mistério”, e a simples trama pena para sustentar um longa inteiro.

Com isso, há diferentes soluções para encorpar a experiência, algumas mais criativas que outras. Entre as melhores, há o mapa do mundo a la Indiana Jones, sobre o qual os personagens se locomovem, que é elaborado com bastante graça em animações coloridas e detalhadas. Outra solução é transformar as sequências de investigação dos DPA numa espécie de jogo com puzzles (quebra-cabeças), simplificando alguns detalhes – talvez até demais, como no cena do mapa local – para que o público mais jovem possa solucionar as situações junto com os personagens, algo que deve prender a atenção dos pequenos com eficiência.

Esta última decisão é a mais curiosa, reforçando as teorias de que o cinema vem sendo cada vez mais gamificado. Até mesmo os visores nos binóculos dos personagens remete a games como Far Cry e Zelda, tanto em sua interface quanto funcionalidade. Não por acaso, DPA 2 pode passar a impressão de ser uma gincana cinematográfica, com uma direção de arte e efeitos visuais que consolidam nossa presença em um mundo de fantasia, mas construída sobre uma narrativa extremamente simples, que consiste em ir de A a B a C sem firulas.

Como muitas crianças de hoje estão mais do que acostumadas com a lógica dos jogos eletrônicos, fica em cheque se a proposta funciona como imersão ou gera apenas o efeito de se assistir a um gameplay – bom, algo que não só as crianças mas adultos também fazem a esmo. Assim, com Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, o nível de engajamento deve variar entre as diferentes faixas etárias, mas é certo que o longa terá seu efeito com os mais jovens. Prometendo ser mais outro sucesso financeiro, devemos ver os detetives no encargo de uma nova missão em breve.

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