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Crítica | O Rei Leão

A Disney traz mais um sucesso certo aos cinemas em 2019 com seu remake de O Rei Leão. Sucesso ao menos de público. Afinal, o clássico é amado por um grande número de pessoas e deve lotar as salas de cinema. Contudo, seu sucesso crítico é bastante debatível. Ainda mais se comparado ao original.

Decerto há de se questionar se a comparação é necessária. No entanto, o próprio filme acaba por responder. O longa se compara o tempo todo. E infelizmente, não de uma forma agradável. Ao sair da sala de cinema, o espectador deve ficar com a impressão de que viu praticamente o mesmo filme. O que não seria de toda uma mentira. E, talvez, se fosse de fato o mesmo filme, poderia melhorar a obra. A maioria do longa acaba sendo um retrato fiel do original, basicamente frame por frame e, quando não o faz, costuma trazer alguns incômodos.

Bons exemplos disso são as partes musicais, com destaque para O Que Eu Quero Mais É Ser Rei (Just Can’t Wait to be King) e Se Preparem (Be Prepared), que ficam muito menos megalomaníacas em tela. Isso certamente acontece pela escolha de fazer uma animação mais realista. O que, de fato, traz imagens impressionantes. Mas ao mesmo tempo, tira todo o aspecto lúdico que havia no filme original. Diferente do remake live action de Mogli, também dirigido por Jon Favreau, que contava com um gigante Rei Louie ou a também gigante Kaa e sua hipnose quase alucinógena.

Contudo, considerada que a proposta era essa e não outra, o novo trabalho de animação funciona muito bem. Não há desconforto ou incômodo que possa ser causado, com seu visual beirando a perfeição. Nesse caso, é preciso destacar o trabalho de Favreau, já que a “câmera” é muito bem utilizada. A animação brinca com isso em diversos momentos, emulando ângulos e movimentações.

A escolha do elenco de voz foi praticamente toda acertada, mesmo tendo suas exceções. Confortável, James Earl Jones reprisa seu papel como Mufasa. Chiwetel Ejiofor dá uma nova cara para Scar, que perde um pouco de sua dramaticidade cômica e finca mais os pés no chão, melhorando como vilão. Alfre Woodard, como Sarabi, e Florence Kasumba, como Shenzi, entregam tudo que precisam entregar em sua participação que, apesar do pouco tempo de tela, não se faz pouco importante.

O destaque fica certamente para os responsáveis pelo alívio cômico. Keegan-Michael Key e Eric André brilham sempre que aparecem em tela trazendo de volta a mesma dinâmica de Kamari e Azizi, respectivamente, de uma forma menos infantil do que no original. O Zazu de John Oliver também é outro destaque que, talvez pelo seu maior tempo de tela, acabe marcando mais o espectador. Mas quem rouba a cena de fato são Timão e Pumba. Seth Rogen traz um Pumba mais clássico para o cinema enquanto Billy Eichner apresenta um Timão mais histérico do que o original, mas que fortalece ainda mais a química das personagens e funciona muito bem em tela.

Donald Glover com certeza foi uma boa escolha para protagonizar o filme no papel do Simba adulto, e faz um ótimo trabalho. Quem infelizmente não consegue fazer o mesmo é Beyoncé Knowles. Mesmo que a cantora possa abrilhantar a música da qual participa, seu trabalho de voz na pele da adulta Nala deixa a desejar em todo momento em que ela precisa trazer alguma emoção mais forte.

No geral, O Rei Leão pode ser considerado um filme mediano somente pelo trabalho gasto em seus efeitos e por momentos pontuais de atuação. Todo outro aspecto acaba por ser mérito de seu predecessor. Talvez o espectador que não tenha a mínima ideia do que é o clássico de 1994 possa se deslumbrar com longa, Entretanto, aqueles que forem ao cinema já conhecendo a animação original não devem encontrar absolutamente nada de novo, mesmo com a meia hora a mais de filme. O belíssimo trabalho dos animadores não disfarça a falta de emoção do filme, que mal comove pela nostalgia.

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