Netflix

Crítica | Crush à Altura

Aparentemente a Netflix não se cansa! Já que fica disponível mais uma comédia romântica adolescente produzida pela provedora mundial via streaming. Crush à Altura que foi dirigido por Nzingha Stewart – estreante em longas-metragens – e protagonizado por Ava Michelle – também conhecida como Ava Cota.

O filme da debutante Nzingha Stewart é feito com o livro de regras debaixo do braço. Assim, pouco acaba ganhando algum destaque, a não ser sua estrela principal na história de uma garota do ensino médio chamada Jodi, que é a jovem mais alta de todo o colegial, e que se sente completamente deslocada devido sua altura, além de ter dificuldades de relacionamento com outros garotos. Mas, tudo muda quando um jovem estudante de intercâmbio vindo da Suécia, que é tão alto quanto Jodi, chega à escola. Agora, a garota terá que se levantar e mostrar a que veio.

Há muito pouco para se dizer sobre Crush à Altura que já não tenha sido visto antes. E, em melhores formas. Não faz muito tempo que a Netflix disponibilizou para o assinante, a comédia coming-of-age Dumplin, estrelada por Danielle Macdonald e Jennifer Aniston. Se a produção do começo deste ano tratava das inseguranças de uma jovem acima do peso idealizado, a obra de Stewart também aborda as vulnerabilidades e incertezas, só que de garotas mais altas que a média geral. Assim, bem simples mesmo.

Uma pena que diferentemente de Dumplin, que tinha apenas um diferencial na ótima trilha embalada por canções da cantora country Dolly Parton, a produção mais recente da Netflix luta e não consegue escapar do básico nível um das rom-coms que abordam as agruras dos mais jovens. Isso decorre, essencialmente, por um roteiro bem esquemático escrito por Sam Wolfson, onde encontramos os mesmos tipos de tantas outras produções do estilo, como: os pais destrambelhados com dificuldade de comunicação com a filha insegura, mas que sempre têm boas intenções; a amiga alternativa cheia de confiança e boas palavras; o amigo que sempre soube o quão especial a protagonista da história era, e que a notava quando ninguém mais fazia o mesmo, e assim por diante …

Talvez, a única personagem que desvie um pouco do protocolar seja a irmã de Jodi, interpretada por Sabrina Carpenter, cantora e atriz popular por produções da Disney Channel. Bela e de estatura média geral, sua personagem é a típica garota que sabe possuir um visual atraente para os padrões sociais estipulados, mas que em sua essência é gentil e protetora com sua irmã mais nova.

Desta maneira, isso acaba por prejudicar o trabalho de Nzingha Stewart que antes de Crush à Altura, dirigiu diversos episódios em séries de TV como Grey’s Anatomy e How to Get Away with Murder, e que iniciou sua carreira dirigindo videoclipes de artistas como Macy Gray, Common, Eve, Joss Stone e 50 Cent.

É certo que seu único e maior mérito nesta produção Netflix chega através de Ava Michelle, também debutando em uma produção do tipo longa-metragem. Mais conhecida como dançarina e cantora – além de fazer uns trabalhos como modelo – , agora, a mulher de 1,87 m de altura se aventura como atriz. E, apesar de um enredo engessado como é o caso, sai-se muito bem para uma estreante, ainda mais, nos momentos dramáticos onde é possível notar sua imensa inquietação diante os olhares de alguns ao seu redor.

Tirando a performance de sua estrela maior, Crush à Altura se resume em uma comédia romântica adolescente apenas acanhada, bem quadrada mesmo. Talvez com o tempo, a diretora afro-americana possa evoluir em sua carreira e ter menos receio de abrir suas asas e ser um pouco mais arrojada em sua narrativa como aconteceu com a atriz/diretora Olivia Wilde que estreou na função de cineasta com o ótimo – e hilário – Fora de Série, ou também como Bo Burnham, popular comediante stand-up americano que escreveu e dirigiu seu primeiro filme ano passado, a dramédia Oitava Série que faz uma análise minuciosa e dolorida sobre como a ansiedade age em uma mente e íntimo ainda muito verdes e em pleno estado de desenvolvimento.

Até lá, o que fica como nota final são alguns momentos constrangedores na parte derradeira da produção original Netflix que diz algo que é dos mantras – e ainda bem que é – ecoados por jovens da chamada geração Z: aceite quem você é, e tome uma posição, pois só assim será notada(o).

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