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Crítica | Um Passado de Presente

Se é do tipo que assiste programas, novelas, jogos de futebol, seja o que for em redes de televisão aberta, certamente sabe que nos intervalos comerciais destas atrações, vê variados e diferentes tipos de propaganda, divulgando todo tipo de produto, certo? E, sabendo que estamos nas últimas semanas do ano, percebe que praticamente todos os comercias de TV, mergulham no tema natalino, certo? Assim, assiste propagandas com famílias sorrindo com toda a alegria que sentem, a vovó na cozinha fazendo uma ceia gostosa, o papai e o vovô decorando a árvore de Natal, a mamãe e a titia embrulhando os presentes, as crianças se divertindo no gramado, e assim por diante.

Lembrem-se que comerciais, geralmente, duram menos que um minuto, até porque tem muita coisa diferente para tentar vender para as pessoas, ainda mais nesta época do ano.

Agora, um exercício: tentem imaginar tudo isso descrito e exemplificado, com aproximadamente uma hora e meia de duração. Conseguiram imaginar?

Então, isso é Um Passado de Presente, a mais “nova” comédia romântica produzida pela provedora mundial Netflix. O filme dirigido por Monika Mitchell não é nada mais que um grande combinado de tudo o que se vê em obras que abordam as festividades de fim de ano. Longas assim, normalmente, vem para acalentar – ainda mais – os corações de todos nos momentos derradeiros de um ano cheio de emoções. Sem problemas. Mas, fica uma dúvida: por que fazer filmes assim com personagens tão desinteressados e tão rasos?

A mais recente rom-com Netflix que não tem nada de nova, nos leva até o ano de 1334, época que o cavaleiro medieval Sir Cole (Josh Whitehouse) encontra uma senhora perdida na floresta gelada, que em seguida, se revela uma feiticeira poderosa. Ela diz que o jovem cavaleiro tem uma missão a cumprir, e o transporta com a ajuda de um medalhão mágico para os dias atuais, para o estado de Ohio, bem na época do Natal. Sir Cole, confuso, se aproxima de Brooke (Vanessa Hudgens), uma gentil professora de ciências que se encontra desiludida para o amor. A jovem professora ajuda o homem dos tempos medievais a se adaptar ao mundo moderno, enquanto este busca entender qual é a missão proferida pela feiticeira para poder retornar para casa. Mas, a aproximação dos dois, faz o cavaleiro pensar se realmente ele quer voltar para a sua antiga vida nos anos de 1330.

É entristecedor perceber que filmes natalinos, que costumam ser símbolos de real amor e compaixão, sirvam apenas como mais uma peça de publicidade, sendo mais um filme qualquer, sem importância alguma. E, olha que Um Passado de Presente faz propaganda mesmo, na prática, dado que em uma cena observamos Sir Cole assistindo a caixa mágica que traz alegria, vulgo televisão, e nela estão passando os longas, O Feitiço do Natal (2018) e o mais recente Resgate do Coração, ambas produções natalinas feitas pela Netflix, que se juntam à obra de Monika Mitchell formando uma tríade natalina dos filmes ruins.

Acredita que Um Passado de Presente conseguiu até fazer publicidade da Alexa, os dispositivos Echo que são caixas de som inteligentes controladas por voz. Bom, pelo menos tem uma coisa inteligente nesta obra Netflix.

No meio disso tudo, existe uma comédia – mentira, não tem – romântica. É justo dizer que a parte romântica aqui existe, o que honestamente, não é algum grande mérito, neste caso. De modo que o par romântico constituído por Vanessa Hudgens e o desconhecido Josh Whitehouse, revelam-se um casal de personalidades mornas, quase frias.

É impressionante quantas produções desse estilo, natalinas ou não, resolvem entregar ao espectador, personagens tão insípidas. Já foi dito antes, não precisa ser Woody Allen, ou Richard Curtis sempre, basta uma alma e emoções borbulhantes para satisfazer aqueles que são feitos de carne e ossos.

A atriz – que já havia feito uma rom-com natalina ano passado com A Princesa e a Plebeia – é só simpatia (a palavra ‘só’ referindo-se ao sentido de apenas); enquanto Josh Whitehouse que poderia ser um quarto Jonas Brothers, têm reações equivalentes a uma esponja de pia.

O que sobra? Nada mais que belas decorações natalinas para trazer vida e alegria neste tempo de festas. Um Passado de Presente, na realidade, se revela um enorme shopping center.

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