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Game of Thrones | Crítica - 8ª temporada - Episódio 5

SPOILERS!

Como já era de se esperar, Game of Thrones está trazendo diversas reações mistas em sua reta final. Na semana passada, “The Last of the Starks” decepcionou por algumas de suas decisões narrativas, além de ter gastado tempo com passos lentos de um roteiro fraco. Agora, no penúltimo episódio da série, “The Bella”, a dupla D.B. Weiss e David Benioff escreve mais um episódio de batalha para o experiente Miguel Sapochnik, e o resultado surpreende pro transformá-lo em mais um festival de terror e tragédia.

O novo episódio não é tão imediato quanto poderíamos esperar após o final chocante da semana passada, que terminou na morte de Rhaegal e Missandei, e iniciou a fúria de Daenerys Targaryen. Não que não há vejamos tranquila aqui, já que a linha de conspiração contra a Mãe dos Dragões continua, com Varys insistindo para que Jon Snow assuma o Trono de Ferro, mas o bastardo segue a recusar a chamada – devotando lealdade a Daenerys. Tal rede de intrigas, que inclui um diálogo bem intenso entre Dany e Tyrion, resulta na primeira morte do episódio: Varys, que é queimado vivo por Drogon sob ordens de Daenerys.

Certamente é mais uma ação do roteiro de Weiss e Benioff que continua a traçar a narrativa do descarrilhamento de Daenerys Targaryen. Sapochnik é esperto ao incluir um plano de reação de Jon Snow durante a queimada, onde pela primeira vez vemos um certo ressentimento do personagem em relação à sua amada. Fica ainda mais evidente quando Daenerys segue com seu plano de atacar Porto Real com força total, mesmo que resulte na morte de inocentes – criando ainda mais inimizade com Tyrion, e Sapochnik reforça essas trocas intensas com planos mais fechados do que o habitual, até usando um plano contra plongée para destacar sua presença no trono de Pedra do Dragão de forma ameaçadora. Emilia Clarke conduz essas cenas com uma retórica fria e calculista, cada vez mais distante da personagem pela qual os fãs torciam, mas é compreensível considerando suas perdas recentes – mas não tanto pelo que vem à frente.

Eis que Daenerys resolve finalmente invadir Porto Real, e mais um épico devastador de Game of Thrones tem início. 

Sapochnik, felizmente, pode encerrar sua passagem pela série com um bom limpador de paleta. Após o desastre de fotografia que foi “The Long Night”, o diretor retorna para uma cena de batalha à luz do dia, e seu talento para o épico e ação. A batalha aberta entre Dany montada em Drogon e a frota de Euron e a Companhia Dourada garantiu boas tomadas, ainda que a geografia da cena não seja das melhores, e que certamente empodera a Mãe dos Dragões. Ainda que não exatamente vibrante em coreografia ou grandes lutas, Sapochnik acerta ao manter o foco nos personagens, e particularmente apreciei o plano em que Dany e Cersei parecem se encarar em cada lado do quadro, ainda que em dois planos diferentes – graças à mágica da montagem paralela.

Eis que a batalha que transforma o que deveria ser um momento de triunfo para Daenerys Targaryen, um momento construído ao longo de 8 temporadas, em um festival de horrores. Não do tipo que nos provoca calafrios como a invasão do Rei da Noite em Winfertell, mas por vermos a completa crueldade de Dany e seu exército, que massacram a cidade de Porto Real mesmo após Cersei tocar os sinos da Fortaleza Vermelha e se render. A violência e o gore poucas vezes foram tão eficientes na série como agora, com Sapochnik enfatizando o assassinato de cidadãos inocentes, seja pelas chamas de Drogon ou os golpes violentos de Verme Cinzento e os Imaculados.

Em uma das sequências mais tensas, Sapochnik praticamente faz um malabarismo com a cidade de dois personagens: Sandor Clegane e Arya Stark. Ambos enfrentam situações pavorosas, com a jovem Stark fugindo entre o povo de Porto Real em um belo plano sequência, e o Cão de Caça finalmente resolvendo suas diferenças com o Montanha. Até mesmo os movimentos são sincronizados, com Sandor levando golpes similares às quedas e empurrões sofridos por Arya, garantindo uma cena capaz de manter o espectador na beira da poltrona; no melhor estilo O Resgate do Soldado Ryan. A luta entre os Clegane, em especial, é um dos grandes momentos do episódio.

Quando cegamos à resolução de Cersei Lannister, o resultado é inegavelmente decepcionante. Não apenas pelo destino anticlimático daquela que foi um das grandes vilãs da série, mas também por acabar arrastando Jaime junto. O grande desenvolvimento de um dos homens mais detestáveis de Westeros a um cavaleiro nobre, apenas para voltar aos braços de sua irmã, em uma cena exageradamente melodramática, soou como um desperdício narrativo. Da mesma forma, foram tantos episódios sem empatia por Cersei, que vê-la como a vítima – ainda que Lena Headey faça um trabalho fantástico – não valeu o investimento. Um fim que merecia muito mais.

Agora, Gamer of Thrones se aproxima de seu episódio final de forma desconfortável. A apressada virada de moral de Daenerys Targaryen em “The Bells”, e pode ter criado um novo inimigo para a história. Só podemos torcer para que ela acabe da forma certa, mesmo com o desenvolvimento errado.


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