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The Big Bang Theory | Crítica - 12ª Temporada

Não dá para negar! Vivemos no auge da era dos nerds e geeks!

Sim, pois, se até os anos 90, ou seja, pouco tempo atrás, usar a expressão nerd ou geek era sinônimo de diferente, esquisito(a), estranho(a), ou qualquer outra definição que visava denegrir uma outra pessoa de maneira grosseira e equivocada. Hoje, não poderia ser mais contrária. Mais que isso: a cultura pop nerd virou o que se encontra no topo da montanha, não apenas culturalmente, mas especialmente, no quesito de mercado financeiro.

Uma das maiores discussões que houveram no começo deste ano foi quem será que vai ser a maior bilheteria do ano? Vingadores: Ultimato ou Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker? Um deles já saiu, e não apenas é, por enquanto, a maior bilheteria do ano, como se tornou a segunda maior de toda a história, apenas atrás de Avatar de James Cameron.

Tais feitos significam muita coisa, pois houve uma mudança cambial socioeconômica que não pode ser relegada. Filmes de super-heróis praticamente se tornaram um gênero de cinema próprio!

Aí entra The Big Bang Theory, que na televisão americana significou duas coisas: primeiro, um bom negócio, já que fazer uma série durar doze temporadas, mostra que acima de tudo era algo de valor financeiro, e que deveria ser prolongado o quanto mais; mas essencialmente, um reconhecimento condecorado do valor emocional e intelectual que tal cultura atinge estas pessoas.

E, tal distinção começou com quatro cientistas brilhantes que gostavam de quadrinhos e obras de ficção científica, ao lado de sua vizinha, uma completa desinformada sobre este mundo de possibilidades infinitas e objetos materiais de valores inestimáveis, e ao longo do tempo, adicionou mais duas cientistas para a trupe dos geeks diferentões.

Já faz quase um ano que era sabido que esta seria a temporada definitiva de The Big Bang Theory, colocando um ponto final na história de Sheldon, Leonard, Penny, Howard, Raj, Amy e Bernadette. Assim, dando a chance para os mais fãs irem se acostumando com a ideia do fim que se avistava dessa que foi a série humorística de maior sucesso na TV americana neste século, e até, uma das mais populares que existiu.

A retomada da série acontece logo após o casamento de Sheldon e Amy, onde ambos levantam a teoria da superassimetria. Já, em sua lua de mel, Sheldon volta com seus caprichos divertidamente irritantes (divertido para o espectador, irritante para quem vive com ele), e planeja cada minúcia microscópica em seus mínimos detalhes, não dando chance para o acaso e a surpresa, o que chateia Amy, na atualidade, uma mulher mais aventureira.

Para um episódio inicial, pode-se dizer que foi um começo bem frouxo, algo que se repetiria algumas vezes durante a temporada derradeira. Talvez a maior perda que houve, não apenas na décima segunda temporada, mas nas últimas de The Big Bang Theory, foi a queda da qualidade humorística, que por muitas vezes até se repetia constantemente. Para ser específico, da temporada 8 até a última, foi onde parecia haver uma barreira criativa que algumas vezes, impedia uma maior apreciação do material.

Desta maneira, quando temos episódios como o sexto na temporada, fica mais fácil voltar aos melhores tempos da série. Neste episódio, vemos todos se fantasiarem para o Halloween, e Howard tem a ideia engenhosa de se vestir como Sheldon, e até o imita para riso de todos, menos do próprio que não percebe está sendo caçoado. Esperto de se aproveitarem do talento de Simon Helberg para imitações neste capítulo.

Mas, já que estamos falando aqui de despedidas, vale exaltar que se faltou em um momento ou outro, um humor de mais qualidade, o que não faltou, e veio com tudo foi o fator emocional. Alguns episódios se destacam lindamente nisso, como o décimo, onde Sheldon e Amy estão decepcionados com o rumo de sua teoria sobre superassimetria, e o cientista encontra as forças para recomeçar com o discurso de seu pai encontrado em uma fita VHS; ou no episódio 22 quando Leonard finalmente se abre, e é completamente honesto com sua mãe Beverly a respeito da rejeição que sentiu toda a vida pelo comportamento frio e distante dela.

E, se há alguma coisa que deve ser ainda mais exaltada, e é sem dúvida alguma a que foi a maior transformação de todas ocorrida na série, esta é Penny. Definitivamente, dos personagens principais quem teve a construção de roteiro clássica mais ampla, e com um arco mais cheio de variações foi a jovem garçonete, aspirante a atriz, que se transforma em uma bem-sucedida representante farmacêutica. E não podemos esquecer das mudanças pessoais de convivência, e de relacionamento que Penny fez durante estes doze anos com afinco e determinação de Kaley Cuoco.

O que foi acertado com Penny, faltou em parte no tratamento do personagem Raj, interpretado com um mix de cinismo e doçura por Kunal Nayyar. Infelizmente, seu personagem deixa uma impressão de uma evolução mais acanhada, como se Raj fosse Cinnamon, sua cachorrinha de raça Yorkshire Terrier, correndo atrás do próprio rabo.

Agora que chegamos no que mais importou em The Big Bang Theory durante todo este tempo: evolução.

Na abertura da série, sempre temos a música tema que comenta a evolução do tempo desde o Big Bang (o evento) que nos deu origem. Observamos os átomos, dinossauros, pirâmides, obras de Leonardo da Vinci, chips, computadores, celulares, e todos os personagens, ao fim, sentados no sofá comendo.

Se for permitido que The Big Bang Theory deixe apenas um legado para a posteridade é a de que o planeta, e nós, seus habitantes e a sociedade, estamos sempre em constante evolução, mesmo que não pareça que sempre estamos indo para a frente, pois mudança exige cuidado e paciência como tantos tiveram com Sheldon durante estes doze anos.

As transformações são inevitáveis, e sempre ocorrerão na vida de todos, e que tentar padronizar algo de natural, só conseguirá gerar frustração, pois se há algo que não pode ser contido, é a natureza humana e sua imparável progressão.

Tudo vive mudando desde o Big Bang, e assim continuará …

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