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Feliz Natal e Tal | Crítica - 1ª Temporada

Vamos falar de Dennis Quaid por um instante!

O ator americano de 65 anos de idade nascido em Houston, Texas, ao longo de uma carreira que vai bater na casa de 45 anos de trabalho, tem muito a quem mostrar. Equilibrando papéis cômicos e dramáticos, tanto para a televisão quanto o cinema, Quaid não fez feio dentro da indústria hollywoodiana. O ator texano nunca esteve na primeira prateleira de Hollywood. Oras! Talvez, nem a segunda prateleira foi o seu lugar por muito tempo. Ainda assim, o mesmo não se acanhou, e lutou pelo seu lugar ao sol. E, olha que é possível encontrar alguns sucessos, como: Acerto de Contas (1986); Operação Cupido (1998); Traffic (2000) e O Dia Depois de Amanhã (2004).

Em 2002, conseguiu alguns prêmios com o melodrama de período Longe do Paraíso de Todd Haynes, no que é, indubitavelmente, sua melhor performance até hoje.

Óbvio, que também temos alguns tiros na água, tipo O Poder do Amor (1995), O Álamo (2004), O Voo da Fênix (2004) e Legião (2010). Todos estes fáceis de se esquecer. Na verdade, é até aconselhável que se o faça, caso tenha visto.

Mais recentemente, Dennis Quaid ficou na mente das pessoas como Ethan Montgomery, o dono do cão Bailey dos filmes de cachorrinho, Quatro Vidas de um Cachorro e Juntos Para Sempre. O primeiro foi um grande sucesso de público, apesar da baixa qualidade do material; já o segundo foi um desastre em ambas as frentes.

E, se quiser vê-lo nos cinemas, ainda se encontra em cartaz o longa Midway: Batalha em Alto Mar de Roland Emmerich. Um programa pouco aconselhável, vale lembrar. Bem pouco!

Tudo isso para mostrar que o ator de Hollywood, mesmo não figurando entre os maiores astros da indústria, sempre trabalhou e sempre esteve aí para o que fosse. Como dizem, ‘pau pra toda obra!’.

Agora, o sexagenário assume o protagonismo na nova série cômica da Netflix, a aventura natalina Feliz Natal e Tal. Mais: ele também é um dos produtores executivos desta produção, o que mostra que ele acredita na qualidade do material. Dennis Quaid acertou o alvo dessa vez!

A série do criador Tucker Cawley nos apresenta a família Quinn e seu chefe, Don. O patriarca de personalidade forte está reunindo todos os seus filhos (três mulheres e um homem) para as festas de final de ano. Emmy (Bridgit Mendler), uma de suas filhas, está vindo de Los Angeles acompanhada do novo namorado, Matt (Brent Morin), um músico que têm dificuldades de fazer sua banda decolar rumo ao sucesso. Agora, o paizão tentará balancear o stress que vem acompanhado das festas de fim de ano, com os problemas familiares de todos os seus filhos, que parecem nunca terminar.

Finalmente, após uma série de produções – todas estas filmes – da Netflix que abordam a festa de São Nicolau se mostrarem materiais de baixo nível, especialmente, Um Passado de Presente lançado na semana anterior. Enfim, temos algo realmente valoroso entre nós. Feliz Natal e Tal não faz praticamente nada diferente de tantas outras produções dessa mesma linha. Contudo, aqui existem personagens realmente cativantes, e todos têm, de pequenos a maiores desafios para enfrentar. Sejam estes referentes ao relacionamento amoroso, criação dos filhos, escolha religiosa, superação do luto, até a orientação sexual.

Melhor ainda é notar que todos os personagens que possuem sua própria jornada a cumprir, fazem isto se apoiando uns aos outros, fazendo da série, ao mesmo tempo, tradicional pela questão familiar, e progressista pelas mudanças que aparecem pelo caminho. Claro, que nem todas se mostram de fácil assimilação. Exatamente por isso, que é prazeroso acompanhar o trajeto destes dez dias finais até a virada do ano novo.

Não é surpresa alguma perceber que Feliz Natal e Tal é uma produção que abraça os dois extremos, dado que o ator/produtor executivo Dennis Quaid é um homem de visões políticas incomuns nos tempos atuais, se considerando um votante independente, ou seja, aquele que não se alinha com qualquer um dos partidos políticos mais populares da América, democratas (esquerda) ou republicanos (direita), tendo declarado votos para ambos os lados, ao longo de décadas a fio. Dennis Quaid também expressou sua independência de ideologias, e disse se manter aberto a diferentes tipos de ponto de vista sobre variados assuntos.

É essa maturidade o maior trunfo da série produzida pela Netflix. E, isto se espalha por todo o elenco, feito de maneira nada panfletária. Muito pelo contrário, sempre pela via do cinema de gênero, conseguindo arrancar algumas risadas no decorrer de oito episódios da temporada. Feliz Natal e Tal faz ainda melhor, pois exalta que para haver uma evolução e mudanças no trajeto humano, é necessário pensar, sentir e agir de maneira diferente do que vinha sendo feito antes. E, que tais transformações não estilhaçam a estrutura erguida por toda uma vida, e sim, acrescentam novos valores que solidificam ainda mais o epicentro familiar.

Em resumo: aquele momento incrível onde percebemos o ortodoxo derretendo e se fundindo com uma nova forma química para se tornar um elemento mais resistente.

Tem como algo ser mais familiar que isso? É possível haver algo mais natalino? Possivelmente, não.

Estes são os bons valores que a data de 25 de dezembro podem oferecer para todos nós. São os filmes – e neste caso, série – que relembram ano após ano, que mudanças acontecem, vindas de perdas ou apenas inesperadas adições em nossas vidas cotidianas, e que é necessário tratar com amor para que estas novas situações se encaixem neste quebra-cabeça. É muito importante não esquecer nenhuma peça, mesmo porque, nada supera a sensação de completude no íntimo humano, de ver algo realizado, onde todos à volta sentem que ali é o lugar onde deveriam e querem estar.

Sabem aquelas fotografias temáticas natalinas onde todos se encontram vestidos a caráter, usando ornamentos festivos, e tudo mais? Então, Feliz Natal e Tal é sobre os momentos decorrentes até o momento que resolvem bater o flash da foto. Os sorrisos da fotografia são um aglomerado das situações que ocorreram no período de 365 dias. Entre perdas e ganhos, fica a oportunidade de renovação pelo amor e comunidade nos últimos dias do ano.

Esta é a primeira produção Netflix deste ano a conseguir desejar um feliz natal … de verdade.

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