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Rick and Morty | Crítica - 4ª Temporada - Episódio 1

Depois de (mais um) longo hiato, Rick and Morty retorna para sua esperada quarta temporada com o mesmo entusiasmo que tornou esta comédia de ficção científica, tão memorável para tantos espectadores. 

Passaram-se mais de dois anos desde a última temporada deste desenho transgressor repleto de referências, com o futuro da série ficando um tanto incerto durante um breve período após o terceiro ano. A incerteza, no entanto, foi extinta completamente depois do anúncio de que Rick and Morty não só retornaria em um futuro próximo, como também estava oficialmente renovada para setenta episódios (creio que a última vez em que ouvi um anúncio destes, foi com a série de Charlie Sheen, Anger Management). 

A enorme renovação não só agrada o público aficionado pelas aventuras de Morty e seu avô cientista, como também abre algumas possibilidades interessantes para o futuro da série, providenciando um espaço produtivo para que os roteiristas possam explorar narrativas diferentes ao longo de tantas temporadas já em planejamento. 

Este primeiro episódio da quarta temporada, por sua vez, já inicia a nova fase trazendo todas as características que fazem Rick and Morty ser uma série animada tão aclamada. Morty fica obcecado por um cristal capaz de lhe mostrar sua eventual morte, com qualquer ato mudando o futuro de forma quase aleatória. E com Rick morrendo em um acidente no espaço, seu neto acaba perdendo a noção do presente, e fazendo de tudo para que seu futuro seja morrer ao lado da garota pela qual é apaixonado, mesmo que isto envolva tomar atitudes catastróficas com experimentos de seu avô. 

Logo de cara, portanto, já temos mais um episódio que se debruça sobre um tema chamativo aos fãs de ficção científica, discutindo as ramificações de se poder prever a própria morte, e a ideia de um destino em constante alteração. Cativante, porém neste mesmo episódio, também temos Rick sendo ressuscitado como um clone em diferentes dimensões (muitas delas, fascistas, para a surpresa do personagem que questiona “quando foi que isso se tornou a norma?”), e referências que vão de Isaac Asimov à Akira. E de quebra, o retorno do Mr. Meeseks. 

Um perfeito exemplo de como a maior parte da série funciona, o tempo deste episódio passa incrivelmente rápido com tanta coisa acontecendo em apenas vinte minutos, com começo, meio e fim, e piadas pontuais espalhadas por cada cena. Não é à toa que Rick and Morty leva tanto tempo para retornar à cada temporada que passa, uma vez que os roteiristas parecem se esforçar muito para nunca entrarem no “piloto automático”, ou simplesmente entregar mais uma típica “aventura da semana”. 

Com a ampla renovação da série, no entanto, muitos poderiam ficar apreensivos de que Justin Roland e Dan Harmon acabem se acomodando dentro de seu formato, e passem a incluir episódios não tão distintos quanto se espera da produção. Há de se notar, porém, que tanto o final da terceira temporada, quanto este primeiro episódio, possuem falas de personagens comentando o futuro da série, apontando que as histórias devem retomar a casualidade da primeira temporada, mas também incluir algumas tramas mais significativas (ou, como também é dito, talvez um episódio onde Rick e Morty não façam nada). 

É justo pensar que a sala de roteiristas de Rick and Morty deve estar debatendo as possíveis direções da série, considerando se seria descaracterizante demais avançar este universo em uma direção mais coesa, agora que tantos elementos já foram introduzidos em sua mitologia absurda. Com a grande contagem de episódios que vem por aí, no entanto, há espaço de sobra para que possamos ter os típicos episódios contidos com suas tramas mirabolantes, e mesmo assim acompanhar uma evolução mais significativa para estes personagens (quem sabe em uma futura temporada que seja, exclusivamente, não-procedural). 

Mas por enquanto, os fãs da série podem ficar tranquilos de que Rick and Morty continua sendo tão espalhafatosa quanto sempre foi, e seus temas e abordagens continuam chocantes o suficiente para manter o espectador surpreso. Brincar com referências e conceitos tão complexos em tão pouco tempo é para poucos, mas apesar de algumas eventuais escorregadas problemáticas no cinismo de Rick, a série parece continuar encontrando seus melhores resultados com a liberdade dada a seus autores para fazerem o que quiserem, quando quiserem. 

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